quinta-feira, 21 de abril de 2011

Porque todo passado é ficção, quer a gente queira quer não


Chego, mania antiga, quinze minutos antes do combinado. Fico imaginando a cor do boné que ele insite em usar para  esconder a calva que lhe cai muito bem. Hoje vai combinar com as calças de linho cor de creme ou com os olhos azuis.

Espero lá fora, o anil do céu de outono me chama. Gosto de vê-lo chegando, chega menino, repara em tudo com uma curiosidade de estreante. Ele atravessa a rua eu entro no café. Não gosto que saibam que sempre chego quinze minutos antes do combinado, outra mania antiga.
Escolhemos a mesa com cerimônia dispensável.
-tem salada de frutas, repara.
 Levanto para me servir da salada, ele gentil aguarda a vez na mesa guardando minha bolsa. Me sirvo, que já sabem não deveria ser proclise e sim sirvo-me da salada com capricho e termino com um morango em cima do montinho. Sou caprichosa, gosto de tudo bonito.
Reparo que ele demora muito servindo a salada de frutas. Que estranho, como demora, será que é por causa dos 81 incompletos? Será que está separando alguma fruta que não quer?
Chega orgulhoso com um prato de frutas cujo desenho formado pelas frutas forma um palhacinho com gola e tudo. Sou caprichosa ele é mais....
Colocamos, o papo em dia, ele sempre com um projeto novo, agora tem um mercado que vende coisas que ninguém quer comprar. Algumas custam até R$40 MIL.
Falamos sobre literatura. Me lembro do meu Pai.

Os dois tem em comum a sabedoria, mas o conselho é meu.Sempre peço aos dois que parem com este compromisso com a verdade dos fatos ao cotarem suas memórias. Relaxem! Encontro na crônica que estou a ler aqui neste plantão que não entra ninguém as palavras corretas do Mestre Miguel Falabella (Vivendo em voz alta - Ed. Lua de Papel)
PORQUE TODO PASSADO É FICÇÃO QUER A GENTE QUEIRA QUER NÃO.