Chego, mania antiga, quinze minutos antes do combinado. Fico imaginando a cor do boné que ele insite em usar para esconder a calva que lhe cai muito bem. Hoje vai combinar com as calças de linho cor de creme ou com os olhos azuis.
Espero lá fora, o anil do céu de outono me chama. Gosto de vê-lo chegando, chega menino, repara em tudo com uma curiosidade de estreante. Ele atravessa a rua eu entro no café. Não gosto que saibam que sempre chego quinze minutos antes do combinado, outra mania antiga.
Escolhemos a mesa com cerimônia dispensável.
-tem salada de frutas, repara.
Levanto para me servir da salada, ele gentil aguarda a vez na mesa guardando minha bolsa. Me sirvo, que já sabem não deveria ser proclise e sim sirvo-me da salada com capricho e termino com um morango em cima do montinho. Sou caprichosa, gosto de tudo bonito.
Reparo que ele demora muito servindo a salada de frutas. Que estranho, como demora, será que é por causa dos 81 incompletos? Será que está separando alguma fruta que não quer?
Chega orgulhoso com um prato de frutas cujo desenho formado pelas frutas forma um palhacinho com gola e tudo. Sou caprichosa ele é mais....
Colocamos, o papo em dia, ele sempre com um projeto novo, agora tem um mercado que vende coisas que ninguém quer comprar. Algumas custam até R$40 MIL.
Falamos sobre literatura. Me lembro do meu Pai.
PORQUE TODO PASSADO É FICÇÃO QUER A GENTE QUEIRA QUER NÃO.
4 comentários:
Tico,
Tava com saudades!!!
Bjs
ks,
XoXo
Poxa... que bonito, amiga!
(E concordo com XoXo, acima: já estava com saudades!!!)
Feliz Páscoa - repleta de dias de paz!
Ricardo
Esta sua crônica é linda, bem escrita e cheia de sentimento. Realidade ou ficção, pouco importa. É um momento vivido, digno de ser lembrado.
Entendo a obsessão, tanto de seu pai como do seu amigo, quanto ao apego que demonstram pela veracidade de suas lembranças. A maior parte dos críticos literários desconfiam delas. É compreensível. Ou nunca as escreveram, ou as inventaram. Mas acredite, pelo menos no seu pai. Li pouco do que ele escreveu mas sabendo como escreve a filha, tenho certeza de que é um homem sincero. Nem por isso deixaria ele de ceder ao pecado de dar cor e calor à memória das cenas que viveu, o que não lhes tiraria o mérito da autenticidade.
Como disse muito bem Zeca Baleiro o surpreendente cronista mais conhecido por suas composições musicais: “ É próprio do ato de lembrar, especialmente se a lembrança é remota, idealizar situações, transformando cenas e visões prosaicas em imagens de sonho, quando não em cenas de cinema.” O que não lhes tira a autenticidade, digo eu.
Judoka
Oi :)Tudo bem?
Faz um favor? Vota na @quarterock no Multishow? Tá explicado direitinho aqui http://migre.me/4sgz4 *-* bjs :*
Mari
@QuarterST
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