sábado, 29 de agosto de 2009

Uma tarde com Júlia

Sempre detestei crianças mimadas. Agora não detesto mais!
Ontem, depois de muito tempo com problemas domésticos, tive uma tarde só para mim. E eu gosto muito de mim. Generosa que sou, depois de fazer uma visita de rotina à dermatologista, fui lanchar num café que eu adoro. O Lugar é bem pequeno no máximo dez mesinhas mínimas de dois lugares. O cardápio não tem grandes pretensões, mas é por isso mesmo que me atrai. Tudo é feito lá mesmo e na hora. As garçonetes estão sempre impecáveis e com um sorriso de quem gosta do que faz e é bem tratado pelos patrões.
Costumo ir a este café com uma amiga, acho que já contei isto aqui em outra postagem, e sempre pedimos um soufflle de queijo de cabra com saladinha verde. Mas, ontem, eu, como diria marinaw, estava muito boazinha comigo e fui sozinha.
Timida, que insisto em ser, entrei e sentei logo na mesinha perto da porta, assim não correria o risco de esbarrar em nada e ser notada e ficar vermelha. Antes mesmo de fazer o pedido, me pediram para trocar de lugar e foi aí que eu sentei ao lado dela.
Um tipinho mignon que não deve ter completado mais do que cinco primaveras. Usava um vestidinho roxo com capuz e estava sentada de fronte a sua vovozinha. Vovozinha que não tinha nem cabelos brancos, nem era gorducha e nem arrastava os pés. Vovozinha para lobo-mau nenhum botar defeito.
Fiz logo meu pedido: Sanduíche de presunto parma, brie e lascas finíssimas de maçã verde na baguete. Minha vizinha de mesa, não sabia o que queria. A vovozinha com uma paciência de avó, oferecia de tudo e a menina não se decidia. Tive que afastar a minha mesa umas duas vezes para Julinha (descobri o nome do tipinho mignon de capuz roxo) ir ao balcão para ver o que a apetecia. Finalmente a vovó fez o pedido e Julinha com medo de ficar sem nada também pediu. Na verdade as duas pediram a mesma coisa: A vovó quiz doce e a Julinha salgada: uma cheesecake e um quiche.
Me distrai um pouquinho, observando a delicadeza e a simplicidade da mesinha. O portaguardanapos é um regardozinho e tem também um mínimo vazinho com umas flores amarelas(naturais).
O pedido da vovó, já estava pronto e chegou antes. A julinha não gostou nada e ficou indignada de ter um morango em cima da torta. Reclamou, bateu pé, fez birra e até chorou. A vovó, com uma paciência de avó, nem se abalou. Disse mais de cem vezes que aquele não era o pedido dela, que o dela não tinha morango e viria depois.
Falar em depois - 1000 desculpas, mas não vou poder terminar a minha historinha agora. Preciso sair.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Eu também



Publico aqui texto da Danuza Leão.


"Quem tem medo da doutora Dilma?
Ela personifica, para mim, aquele pai autoritário de quem os filhos morrem de medo, aquela diretora
VOU CONFESSAR:

morro de medo de Dilma Rousseff. Não tenho muitos medos na vida, além dos clássicos: de barata, rato, cobra. Desses bichos tenho mais medo do que de um leão, um tigre ou um urso, mas de gente não costumo ter medo. Tomara que nunca me aconteça, mas se um dia for assaltada, acho que vai dar para levar um lero com os assaltantes (espero); não me apavora andar de noite sozinha na rua, não tenho medo algum das chamadas "autoridades", só um pouquinho da polícia, mas não muito.Mas de Dilma não tenho medo; tenho pavor. Antes de ser candidata, nunca se viu a ministra dar um só sorriso, em nenhuma circunstância.Depois que começou a correr o Brasil com o presidente, apesar do seu grave problema de saúde, Dilma não para de rir, como se a vida tivesse se tornado um paraíso. Mas essa simpatia tardia não convenceu. Ela é dura mesmo.Dilma personifica, para mim, aquele pai autoritário de quem os filhos morrem de medo, aquela diretora de escola que, quando se era chamada em seu gabinete, se ia quase fazendo pipi nas calças, de tanto medo. Não existe em Dilma um só traço de meiguice, doçura, ternura.Ela tem filhos, deve ter gasto todo o seu estoque com eles, e não sobrou nem um pingo para o resto da humanidade. Não estou dizendo que ela seja uma pessoa má, pois não a conheço; mas quando ela levanta a sobrancelha, aponta o dedo e fala, com aquela voz de general da ditadura no quartel, é assustador. E acho muito corajosa a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, que está enfrentando a ministra afirmando que as duas tiveram o famoso encontro. Uma diz que sim, a outra diz que não, e não vamos esperar que os atuais funcionários do Palácio do Planalto contrariem o que seus superiores disserem que eles devem dizer. Sempre poderá surgir do nada um motorista ou um caseiro, mas não queria estar na pele da suave Lina Vieira. A voz, o olhar e o dedo de Dilma, e a segurança com que ela vocifera suas verdades, são quase tão apavorantes quanto a voz e o olhar de Collor, quando ele é possuído.Quando se está dizendo a verdade, ministra, não é preciso gritar; nem gritar nem apontar o dedo para ninguém. Isso só faz quem não está com a razão, é elementar.Lembro de quando Regina Duarte foi para a televisão dizer que tinha medo de Lula; Regina foi criticada, sofreu com o PT encarnando em cima dela -e quando o PT resolve encarnar, sai de baixo. Não lembro exatamente de que Regina disse que tinha medo -nem se explicitou-, mas de uma maneira geral era medo de um possível governo Lula. Demorei um pouco para entender o quanto Regina tinha razão. Hoje estamos numa situação pior, e da qual vai ser difícil sair, pois o PT ocupou toda a máquina, como as tropas de um país que invade outro. Com Dilma seria igual ou pior, mas Deus é grande.Minha única esperança, atualmente, é a entrada de Marina Silva na disputa eleitoral, para bagunçar a candidatura dos petistas. Eles não falaram em 20 anos? Então ainda faltam 13, ninguém merece.

Seja bem-vinda, Marina. Tem muito petista arrependido para votar em você e impedir que a mestra em doutorado, Dilma Rousseff, passe para o segundo turno." danuza.leao@uol.com.br

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Solidão


50 mulheres denunciaram um médico de estrelas (se é que isto existe) por estupro.
Muitas alegaram que na época do ocorrido não contaram nada a seus maridos por medo.
Medo de que? do marido, de não poderem mais ter o nenê, não poderem mais ter o nene com o médico das estrelas?
Enquanto tentava entender me lembrei que o brasileiro é muito solidário.

Quem viaja pelas estradas brasileiras sabe do que estou falando. Não é raro passar por alguma estrada de mão dupla e ver alguém na contramão piscando desesperadamente o farol para avisar que tem algum perigo pela frente. As vezes é um acidente, outras animais na pista e tem gente que avisa também quando tem alguma polícia na frente, para que o infrator possa ter tempo de corrigir o erro, por um instante que seja.
50 mulheres não piscaram o farol para avisar que havia algum perígo pela frente. Não comentaram nem com seus maridos, que pagavam o que podiam e o que não podiam em busca da felicidade de ter um filho.
Mulheres que não pensaram em denunciar um ato ilícito. E porque não pensaram?
Coloco-me no lugar destas mulheres (se é que isto é possível, é fácil falar, todos sabemos).
A primeira vista vejo um problema mais antigo:
Não falaram, porque sempre que existe uma denúncia de abuso sexual existe o medo de dizerem que foi a mulher quem seduziu!
Não falaram para pouparem os maridos. Pouparem os maridos do que? Porque não se poupam?
Não falaram por medo de não poder realizar o sonho de ter um filho.
Não falaram por que por muitos motivos talvez não tivessem autoestima.
Autoestima palavrinha um tanto vulgarizada. A publicidade nos promete o tempo todo melhorar a nossa autoestima.
Vale de tudo:
Emagrecer, pintar os cabelos, alisar os cabelos, acabar com a celulite, rejuvenescer, melhorar o desempenho sexual, comprar um brinco novo, ter um aparelho de celular de último tipo, branquear os dentes etcetera e etcetera.
Voltando ao fato do brasileiro ser muito solidário:
Essas mulheres não imaginaram que poderiam estar evitando que o fulano (não consigo arranjar um adjetivo para este ser) fizesse com outras mulheres o que fez com elas?
Comecei dizendo que o problema do brasileiro é falta de ética, mas agora vejo que primeiro precisamos resolver o problema de autoestima do brasileiro.
Sei que esta um pouco confuso meu texto, mas é que reflito enquanto escrevo e procuro ser justa e mais do que isso procuro entender o que aconteceu, sem julgamentos, tentando entender a dor e os impedimentos de mulheres fragilizadas, que o tempo todo tem que ser fortes. Mulheres de uma solidão absoluta, que não tem em seus companheiros alguém com quem contar, que se entregam a médicos que são monstros.
Que são induzidas a achar que existe médico de estrelas, que se não for aquele não pode ser mais ninguém (isto ó já é um tanto violento e ultajante- acreditar que só um determinado médico ou produto, poderá nos salvar a vida).
O grande problema da brasileira é a solidão. É não poder ser frágil nem sob efeito de anestesia. É estar atenta o tempo todo. Atenta e só.
Márcia Lopes

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Fecha a conta e passa a régua


Sempre fui uma pessoa bagunceira! Invejo descaradamente minhas amigas que tem seu armário arrumado, sabem onde estão as chaves do carro, acordam de manhã e o chinelo está ao lado da cama no lugar certinho, podendo ser calçado sem esforço: é só sentar-se de lado e encaixar os pés. Simples assim.

Na adolescência, minha mãe (que não é nada organizada, mas se acha) quando estava de mau-humor dizia que só poderíamos sair, se o quarto estivesse em ordem. Acontecia que a bagunça era tão grande e ela só avisava em cima da hora que nem se quiséssemos daríamos conta. Eu e minha irmã (começo a achar que existe um gen específico para falta de organização) jogávamos tudo dentro do armário, sem dó nem piedade e pronto: nós fingíamos que arrumávamos e mamãe fingia que acreditava.

Na verdade eu tinha preguiça até de jogar aquela bagunça toda dentro do armário e ficava imaginando maneira mais fácil de deixar o quarto organizado. Não raro me ocorria a idéia de botar fogo em tudo e depois varrer as cinzas. Era só um desejo inconsequente, coisas de adolescente...

Foi assistindo aos parlapatões (palavra de senador) que me lembrei desta vontade de botar fogo em tudo e varrer as cinzas.

Os escândalos são tão grandes e tantos que parece até a moda da minissaia ou do biquini, no começo todo o mundo fica escandalizado e de tanto ver e falar, nos acostumamos e aí diminuem os biquinis, as mini-saias e a crítica.

Creio que o maior escândalo do caso Sarney não são as acusações a ele atribuídas (infelizmente nos acostumamos) mas sim os seus defensores, encabeçados pelo presidente da república antes rival vitalício do destemperado ex presidente e também, defensor.O que será que eles vão ganhar com isso para se exporem desta forma?Sempre achei que o prejuízo moral é irreparável já o material...

domingo, 2 de agosto de 2009

Eu voltei


Não,
a pintura ainda não terminou. Mas o escritório já está pronto (quase) e o micro pode ser ligado. O Domingo é de sol no Rio de Janeiro. Li a crônica do Veríssimo no globo de hoje e adorei. Descobri que o Joka P. se rendeu ao twitter! Li algumas tertúlias e os comentários que também são ótimos. O Anderson do turbilhão de sentimentos, acho que trancou a faculdade e esta com mais tempo para postagens. Minha irmã passou uns dias aqui no Rio e foi ótimo, pena que o que é bom dure tão pouco. Mas por outro lado o que é bom permanece nas lembranças. O Sarney resiste e insiste, o Lula dá tapas e beijos, sismou de eleger a dilma para se perpetuar no poder. O lula Também não se cansa de xingar a classe média que lutou a seu lado pela liberdade de expressão, pelas eleições diretas e contra oligarquias como a da Família Sarney. Como se não bastasse tudo agora estão mexendo com a censura. Não tive tantas decepções com o Collor, como estou tendo com o governo Lula. E que tudo o mais vá pro inferno. Inverno besta, com frio e chuva. O carioca não gosta!