quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Obrigada


Queridos,
Maria Augusta, Ricardo, Chica, Bel e Mina,
Muito Obrigada pela lembrança. Espero poder encontrá-los pessoalmente neste ano que virá. Um beijo para cada um da Paçoca!!!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

É hoje!!!!!


Um dia lindo. Acordei as meninas e fui logo ganhando um beijinho e um abraço de aniversário. Delicioso! Depois o marido ligou, ia começar a caminhada de uma das torres do "W" de Torres del Paine (Chile). E agora liguei o micro e recebi um bilhetinho do papai e da mamãe. Que segue abaixo:

Querida Loura,
Mãe de Camila e Mariana, Mulher do aventureiro Lopes,

Eu ia desenhar uma flor para você. Mas, logo desisti. Venho desenhando flores para muita gente e isto se tornou muito banal.
Assim, resolvi dedicar a você uma flor diferente de todas as outras - que brotasse das palavras, não desbotasse ou murchasse. Comecei pela forma. A fiz, ao mesmo tempo, esguia e cheia , elegante , mimosa. Seu caule tem espinhos pequenos, mas agudos. Recende a mais misteriosa essência oriental, exótica e persistente, cheira também a chocolate.
Em dia de ventania e tempestade, seu aroma fica mais intenso para prodigalizar encanto pela natureza em convulsão. Suas cores refletem seus estados d’alma: Amarelo alegria, vermelho paixão, verde tristeza, roxo revolta e azul ilusão.Mas, estas cores compõem-se harmoniosamente. Nenhuma é dominante , alteram-se com as luzes do dia ,como as pessoas ,os passarinhos, outros animais e plantas. Como você lourinha!!!
Seu pai-Rio,18 de Novembro de 2009
Minha filha querida, Como não sei versar e sim mais ou menos conversar, vai então “Aquele abraço!” Paz, saúde e alegria!.
Sua mãe



segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Rapidinhas


O marido viajou para o Chile. A passeio. Me deixou aqui com: duas adolescentes, um hamster, um montão de mudinhas de plantas para regar e não deixar morrer de jeito nenhum com o calor que está fazendo. Eu que já não tinha tempo agora vou ter que me multiplicar. O marido acha que eu sou uma super-heroína e vou dar conta de tudo! Bem que algum de vocês podia me ajudar! Mas porque moram tão longe? Saudades de vocês e de mim também. Quarta-feira é meu aniversário e eu completo literalmente mais uma primavera (45 no total). Vou tentar fazer uma postagem bem bonitinha!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Uma cigana na parede



O deprimido é um ser rejeitado, até por ele mesmo.

Ninguém gosta de estar deprimido, ou de estar ao lado de alguém deprimido.

Eu sei o que é isto, já estive dos dois lados.

Para o deprimido tudo é difícil: o muro é muito alto, a dor é muito grande, a noite é muito longa.

Depois de seis anos, em morna, depressão, consegui, com muita luta, e com a ajuda do Dr. Freud e de sua fiel assistente (minha analista), sair deste estado da alma, que a muitos parece frescura, mas não é.

Deprimida havia me perdido de mim. Não me reconhecia mais, nem fisicamente. Meus cabelos não eram mais cor de mel, minhas roupas não me cabiam mais e o sorriso no rosto, marca registrada desde a infância, não estava mais lá.

Só uma coisa não mudou: a minha admiração pelo que é belo, pela arte.

Ainda bem tristinha, tomei coragem e fui viajar sozinha.

Hospedada em uma pequena cidade do estado de Nova Jersey (EUA), sempre que podia pegava o trem bem cedinho, parava em Hoboken (NJ), subia uma escadinha e pegava o path que me deixava na 33, bem no coração de Manhattam.

Não é fácil ser feliz, não é fácil ser livre. Passava os dias subindo e descendo aquelas ruas, sem saber muito bem o que fazer com tanto tempo e tanta liberdade.

Perdida, não conseguia nem almoçar. Comprava duas barras do chocolate

"Crunch com caramelo", uma "Pepsi "e assim passava o dia todo. Quando cansava, entrava numa livraria e, no ar condicionado, cercada dos melhores amigos de um deprimido: os livros,descansava.

Depois de umas duas semanas, já conseguia planejar alguma coisa. Fui ao Moma, ao Museu de História Natural, entrei em várias galerias de arte, no Soho. Almocei em Little Italy, um nhoque inesquecível.

Tão longe das minhas coisas, da minha, nada invejável, rotina de dona de casa, aos poucos fui me reencontrando.

O acaso, às vezes, me dava um empurrãozinho. E, foi por acaso, que eu vi uma exposição de quadros do meu predileto: Amedeo Modigliani.

Naquele dia, pretendia ir ao Guggenheim, cheguei até a porta e resolvi não entrar, ia almoçar primeiro e voltaria depois se fosse o caso.

Indecisa, sem saber o que fazer e aonde almoçar, (onde comprar meu "Crunch") ainda pela Quinta avenida, andei mais dois quarteirões e vi uma fila enorme. Entrei na fila, para dar um tempo enquanto pensava.

Sorte a minha, a fila era para entrar no Jewish Museum, onde havia uma exposição das obras, dele mesmo: Modigliani.

De repente, fui invadida por uma alegria e uma felicidade que não cabem em depressão nenhuma.

Esperei a minha vez, entrei no museu e não tive mais medo de ser feliz.

Dei voltas e voltas naqueles salões repletos de lindos retratos.

Os retratos, de Modigliani, são diferentes. Seus retratados ficam lindos com o olhar do artista. Ele é generoso. Os nus, apesar de terem escandalizado na época, são puros e sensuais. Isso já seria o bastante para que ele fosse o meu predileto.

Alguns meses mais tarde, de volta ao Brasil, passando por uma ruazinha, aqui mesmo em Botafogo, bem pertinho de casa, na porta de um brexó, dei de cara com um pôster que retratava uma cigana com uma criança nos braços. Não via esta imagem desde os sete anos de idade. Um pôster igualzinho enfeitava a parede, da sala de jantar, da casa da minha infância. Reconheci o traço, cheguei mais perto e li a assinatura: MODIGLIANI.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

snifff



Quando não tenho tempo de postar fico muito infeliz. Fico com saudades dos amigos que sempre passam aqui. O fim de semanna foi ótimo, eu e as meninas nos divertimos muito! Jogamos, cozinhamos, assistimos a filmes água com acúcar (ou será sal? por causa das lágrimas!). O marido treinou para uma aventura que le está indo fazer no Chile em breve. O cachorro, comeu dormiu e ganhou muito carinho!
A happy family is heaven on earth!!!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Vai comer ou quer que embrulhe?


Acordou cedo com uma terrível dor. O estômago embrulhado, uma vontade inadiável de ficar na cama. Tomou um café preto, vestiu-se com o vestidinho-de-ir-à-rua, de malha, cinza, básico, só para esconder as vergonhas de forma neutra. Rasteirinha chic, para compor o look e não aparentar desleixo. Na padaria serviu-se de pão, cinco, seis, sete, oito, colocou no pacote foi até o caixa, pagou e recebeu os pães numa sacola plástica. Passou na banca comprou o jornal, que veio numa sacola plástica.
- Já houve um tempo (pensou) que o Jornal, depois de lido de fio a pavio, servia como "sacola plástica" embalando folhas e flores na feira e embrulhando o lixo além de mil e uma outras utilidades.
Passa na farmácia, compra um anti-ácido que lhe é entregue numa sacola plástica.
De volta a casa, pega as duas últimas torradas e joga fora o saco. Desembrulha duas fatias de queijo(que mais parecem plástico!) e coloca em cima das respectivas torradas.
Ao arrumar a casa retira o lixo das seis, repito, seis latas de lixo que estão forradas por seis sacolas plásticas. Casa arrumada, vai se recuperar no salão de beleza.
- pé e mão?
- sim.
-um minutinho por favor.
anuncia no microfone do salão moderno:
-Cíntia, Sra Miranda a aguarda na recepção.
-Cíntia, a manicura, pega o kit descartável e indica a cadeira.
-Redonda ou quadrada?
-Quadrada.
Quando termina de lixar as unhas da mão, coloca as mãos da freguesa numa luva de plástico descartável que contem um amaciante de cutículas.
Faz o mesmo com os pés. Fazendo as contas: uma luva para cada mão e uma para cada pé!
-A sra deseja uma água, um café, um mate?
O mate vem num daqueles copos long drink e na mesma bandeja vem um canudo embrulhado num saquinho plástico, repito, um canudo, num saquinho. E um guardanapo embrulhado num saquinho, desta vez não vou repetir que vai ficar chato!
Vai ao supermercado, enche seis pares de sacolas plásticas com o cardápio para dois dias.
De volta em casa, prepara o almoço com o que comprou, abrindo umas três ou quatro embalagens (com o perdão da má palavra) plásticas.
A noite sai para jantar com o marido e, inocente janta sem pensar nas malditas embalag...
Na hora do amor vocês já sabem sexo seguro.

Se você se interessa pelo assunto clic aqui. Lá você vai encontrar ótimos videos sobre o assunto.
Peguei a foto da sandália que ilustra o texto na internet. A sandália é toda feita de sacolas plásticas.
Se você diminuir o uso das sacolinhas, prometo não falar mais no assunto!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Uma angolana, uma congolesa e ...

Rogério havia nos pedido que levássemos a sala de aula algum acontecimento recente que nos tivesse chamado a atenção. Logo me animei, nessa mesma aula, contei a história do peixe que caiu do céu aqui em casa faz um mês. Depois fiquei pensando o que poderia ser mais inédito do que ver um vulto seguido de um ploft, antes do sol nascer totalmente, e ao verificar o que era, encontrar um peixe estatelado no terraço do décimo primeiro andar de um prédio que fica no centro de um terreno e que não tem nada acima no raio de uns muitos quilômetros.

Era uma quinta-feira santa, feriado escolar, estava com tempo e pude ir ao salão retocar os cabelos já entregue às malditas cãs. Não fui de carro, ainda estava traumatizada pela multa que recebi na antevéspera, por estacionamento irregular, justo em Ipanema, meu destino.

Pedi logo ao motorista que fosse pela Tonelero, subisse o corte de Cantagalo e entrasse para Ipanema pela Rua Garcia D’ávila. O motorista só me interrompeu para perguntar se naquele trecho poderia ir pela Barata Ribeiro, pois a Tonelero estava parada. Consenti e me entreguei à leitura de um livro.

Fiquei umas quatro horas no salão, matei minha sede de ler e não pretendia ler no táxi de volta.

Peguei o táxi na Aníbal de Mendonça e pedi ao motorista que me levasse à rua General Severiano.

- A senhora sugere algum caminho?

- Ah! Sim, vamos pela Epitácio Pessoa, por favor.

Assim que subimos o viaduto Plácido de Castro o trânsito estava todo parado.

Pensei alto: Nossa está tudo engarrafado.

- É só um pouquinho senhora, daqui a pouco anda.

Olhei para o lado vi a subida do corte e me consolando disse.

- Não ia adiantar ir por outro caminho, veja: o corte também está todo parado.

- A senhora está com algum compromisso?

- Não senhor, mesmo porque, se tenho hora para chegar saio com bastante antecedência para ter certeza de chegar na hora marcada sem estresse.

- Eu também senhora detesto atrasos, já a juventude não sabe o que é chegar na hora marcada, é comum chegarem quinze minutos depois do combinado.

Não concordei, não gosto de falar mal da juventude e nem gosto de generalizar.

Lembrando-me da minha irmã disse:

- Conheço pessoas que saem de casa na hora em que marcaram para chegar.

Ele sorriu e disse:

Assim não dá, não chegarão nunca.

É verdade, concordei.

De primeira, e segunda, ainda passávamos em frente aos prédios conhecidos como residências Villa-Lobos.

Lembrando-me do sufoco que havia passado no dia anterior para poder honrar vários compromissos estiquei um pouquinho mais a conversa.

- Contratei uma pessoa para trabalhar em minha casa na segunda-feira e ontem ela faltou.

- Quando eu trabalhava nunca faltei ao serviço.

A senhora não trabalha? indagou curioso o pracista.

Não senhor, não trabalho. Larguei quando as crianças nasceram.

Com uma certa urgência, foi logo dizendo:

- Olha. Vou dizer uma coisa para a senhora: Eu tenho uma prima que foi casada 26 anos. Acho que o marido fez de propósito, completou entre parênteses, um dia desses ela por acaso mexeu na carteira dele e encontrou o retrato de um menino junto com o retrato das filhas e não foi difícil ela concluir que o menino era filho dele.

Ainda pela curva do calombo fiquei sabendo dos pormenores. Antes de “esquecer” o retrato do bastardinho ele fez o favor de convencer, a santinha a qual ele proibiu de trabalhar, a deixar os 150 mil que recebera de herança da mãe, para que ele tomasse conta. O resto vocês já sabem ou imaginam. É uma história como tantas outras.

Antes de chegarmos ao Botafogo, não à sede da General Severiano, na lagoa ainda no clube de remo, Eu disse que podia perceber um mau-caráter nos mínimos atos.

Ele achava que não, que podemos ser enganados, por acharmos que aquilo nunca aconteceria com a gente.

E é por isso que eu nunca casei. Vivo com uma mulher há 30 anos, mas casar de jeito nenhum.

- A senhora sabe: eu não sou daqui, sou de Portugal.

- Ah! E da onde o sr é?

Respondeu de passagem - De Coimbra,

- Eu já fui a Coimbra. Imaginava que a conversa seguiria este rumo, Coimbra, a universidade, os estudantes de preto, as iguarias...

- Quando eu morava em Coimbra, numa cidadezinha nos arredores, a mulher de um amigo meu...

Eu curiosa para saber que cidadezinha.

Ele querendo contar a decepção do amigo.

- Um amigo meu morava perto de uma igreja e o padre teve um caso com a mulher dele.

- E isso não é tudo, foi logo completando, o padre, muito esperto, espalhou pela vizinhança que precisava de alguém que limpasse a Igreja e cuidasse dos aposentos dele.

A mulher disse ao marido que ela poderia fazer este serviço, afinal de contas seria um dinheirinho extra no apertado orçamento do casal.

Não satisfeito em ficar com a mulher do amigo, os dois ainda fugiram e ninguém nunca mais ouviu falar neles.

Nesta altura chegamos à fonte da saudade.

É tem mau-caráter em tudo quanto é profissão. Padre, Padeiro, Pedreiro...

- Eu já fui padeiro, tive duas padarias e não sou mau-caráter.

- Eu não quis dizer isto, quis dizer que mau caratismo é da pessoa e não da profissão.

Mas, ele queria dizer que também teve um restaurante no jardim botânico, que tinha treze empregados que o vendeu depois que a globo foi pro projac...

Tendo passado pela Real Grandeza, já quase no cemitério São João Baptista ele me contou que morou na áfrica, que tinha servido ao exército.

- Angola?

- Sim, Angola.

- E o que o sr fazia?

(com muita simplicidade) – Matava

- Matava, simples assim?

- Se eu não matasse, eu morria. Na guerra não temos escolha estamos lá para matar.

Fui ficando aflita, já estava na bifurcação entre a General Polidoro e a Arnaldo Quintela.

O sinal fechou.

Ele arregaçou as mangas e mostrou uns dez ou doze pontinhos tatuados no braço esquerdo.

- O sr matou todos esses?

- Matei.

Se não matasse, morria repetiu.

- Uma vez o capitão queria que eu matasse três enfermeiras que havíamos capturado. Uma angolana, uma congolesa e a outra não me lembro.

- Achei que era covardia, que elas não representavam ameaça e disse que não mataria. O capitão insistiu, disse que era uma ordem.

- Eu tinha que cumprir ordens, mas ainda tentei argumentar, se o sr acha que elas devem morrer, mate o sr mesmo.

- O capitão lembrou-me que quem mandava era ele. E eu disse: - Esta bem vamos deixá-las tomar banho e depois disso matamos. Fiz isso para elas poderem fugir.

Não deu outra, elas fugiram e foram engolidas pelos crocodilos.

Ah! Não assim esta história está ficando um tanto fantástica.

A senhora não sabe que na África tem crocodilos enormes. A senhora não acredita.

Lembrando-me das cobras que engolem um boi inteirinho, apressei-me em dizer que acreditava sim.

- O sr pegue a esquerda, por favor, pois já estamos quase chegando.

Colocou a seta, pegou a esquerda e eu pedi que parasse logo ali depois daquele poste.

Ele parou um pouco mais a frente num recuo.

- O senhor tem é coisa para contar!

- É sim, até uma escritora disse que queria escrever um livro, mas eu não contei tudo para ela.

Já estacionado, olhou para trás e disse:

- Mas para a senhora eu vou contar.

Ficamos sabendo da covardia que um grupo de cinco homens havia feito com uma família. Estupraram, mataram, e pegaram até uma mulher grávida de oito meses, abriram a barriga dela ao meio, retiraram o bebê e cortaram ao meio.

Nós fomos no rastro deles e um.... espécie de capitão do mato encontrou-os.

Eles estavam assando um veado.

A senhora sabe como nós matamos???

- Já descrente deste mundo, eu respondi: colocaram para assar como o veado.

- Não senhora, pegamos um bambu grande que havia por lá afiamos bem, fincamos os cinco e deixamos lá para os urubus comerem.

Peguei o dinheiro, paguei a corrida, eu precisava ir...

Ele ainda mostrou-me uma das seqüelas da guerrilha.

Esticou o braço direito, disse que era uma pessoa calma.

Eu disse, suas mãos tremem...

Ele disse de tanta granada.

Não querendo ir disse, eu tenho fotos poderia mostrá-las para provar...

Eu com uma vontade danada de combinar para ver as fotos, disse apenas tchau uma Boa Páscoa.


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ter um blog é legal!

Ando com uma tosse danada. Ou melhor, tento dormir e uma tosse me ataca. Então ao invés de lutar, venho até pampa-linda ver o que os amigos estão fazendo. Aqui é a minha Pasárgada e eu não sou amiga do Rei, sou o próprio.
Visito um amigo que foi a Londres e viu Chicago pela primeira vez. Por sua vez meu amigo visitou um amigo.
No twitter conheço Fabrício Carpinejar, leio ótimas frases. Curiosa invado o blog dele e a minha tosse é bem vinda e se justifica.
Vou ilustrar de novo com Leminski.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Palavras insólitas

Esta é mais uma tarefa da gincana da qual eu participo. Link ai ao lado.
1ª TAREFA - Vá até o blog "inscrito", imediatamente, antes do seu e:

a) Leia as três últimas postagens.

b) Escolha uma delas para responder às perguntas:

1) Por que escolheu essa?

2) O tema é de seu agrado. Por que?

3) Já frequentava esse blog? Caso negativo, qual foi sua impressão?

4) Escolha uma imagem, destas postagens, para ilustrar sua resposta/tarefa.

5) Faça uma descrição do blog visitado. Comente todos os aspectos que te chamaram ( negativa ou positivamente) a atenção.

6) Coloque como título, de sua postagem/tarefa, o nome do blog visitado.

Marina Sena é a dona do Blog palavras insólitas.
No seu perfil ela diz que tem só 17 aninhos. Marina escreve pequenos contos muito interessantes e criativos. Não coloca muitas fotos. Usa diferentes fontes como se quisesse mostrar seu humor graficamente. Eu gostei mesmo dos contos de Marina e coloco aqui o que escolhi para cumprir a tarefa.

.o.homem.de.retalhos.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009 às 07:58
*Créditos da imagem

Era todo feito de retalhos. Uns bonitos, outros feios, outros com um rascunho de qualquer coisa que tenha passado. Retalhos feitos de papel, todos espalhados pelo chão. Diziam que era tudo muito desarrumado- suas paredes, seu quarto, sua sala - mas a verdade era que, e isso era um segredo, ele gostava assim. As folhas se perdiam e misturavam umas às outras, sem que ele nunca pudesse arrumá-las completamente, pô-las em ordem.
Um dia, ele desejou, muito e muito, que pudesse ser como os homens organizados. Sempre muito bonitos, de cabelo penteado, com um gravata talvez; mas principalmente com aquela organização que não deixa papéis espalhados por todo lugar. É que às vezes se perdia entre seus retalhos. Não que isso fosse exatamente ruim, mas apenas ele poderia viver em lugares assim. Ninguém mais poderia lhe entender a organização. Vivia sozinho, em meio aos seus papéis. Até que, certa vez, encontrou uma menina. Ela tinha uns olhos escuros muito bonitos, gostava comer marshmallows e tinha cheiro de margaridas no verão. Gostava de sair para andar em dias de sol e também de levá-lo com ela. Ele parou de viver só em meio aos seus papéis amassados. Passou a ter uns retalhos coloridos, que nunca tivera antes. As pessoas passavam do outro lado da rua e diziam como formavam um belo casal, desses que vivem a andar pelas flores.

Ela pintou as paredes, forrou o chão com tapetes e sorrisos, trocou as cortinas. Trouxe uns livros para pôr na estante e umas caixas para guardar os papéis.Você não pode viver para sempre assim, ela dizia, todo afogado em retalhos, sem nunca poder respirar. Mas ele, todo acostumado com seus rascunhos, não queria deixá-los ir tão distante. Ela chorou quando ele a fez parar de pintar as paredes. Quando deu-lhe de volta os livros da estante e jogou fora as caixas para guardar os papéis. Ele se desfez dos papéis coloridos, dos sorrisos espalhados pelo corredor e das caminhadas em dias de sol. As pessoas passavam do outro lado da rua e diziam como ele era todo feito de rascunhos amassados. Ela não quis mais - nunca mais - comer marshmallows. Seus olhos escuros não eram, agora, tão brilhantes, e não tinha mais o cheiro de margaridas no verão. Isso ele nunca poderia notar, pois tanto se perdeu no seu mundo de rascunhos amassados, histórias em branco e linhas despedaçadas que nunca conseguiria viver com ela, entre as flores.

Era todo feito de retalhos. Uns bonitos, outros feios, mas todos dele e - sim, agora ele sabia - nunca feitos para dias de verão.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A Rainha do Engenho





O diabo, de tanto tentar se enfeitar,
acabou ficando com a cara torta.

- Pode deixar que eu compro as flores!
Beijou o neto que dormia em sua cama e saiu para o trabalho.
Eram 5:50. Graças a estação Engenho da Rainha, podia se dar ao luxo de sair de casa às seis e caminhar com calma até o metrô.
Estava especialmente cansada naquele segundo sábado de maio, desanimada até. As varizes doíam, mas o senso de responsabilidade não desanimava. Nunca.
Moradora antiga do Engenho Da Rainha, Ceci era muito conhecida e respeitada no bairro. A mãe, morena bonita, descendente dos Tamoios, tinha sido amante de um músico, morador de famoso conjunto habitacional da região. O Pai: desconhecido.
Geralmente, saltava na estação Cantagalo, mas hoje resolveu pegar o ônibus que faz a integração até Ipanema. Assim, não caminharia tanto.
Às 7:30 vestia uniforme de doméstica, passado e engomado, com capricho, por ela mesma.
Começou pela sobremesa: pavê de nozes. Depois, enquanto o lagarto cozinhava, descascou as batatas, lavou as folhas, fez o arroz. Colocou a louça que ia ser usada na lavadoura, separou os talheres. Fez um chazinho para dona Tereza (a patroa) que estava indisposta.
Ao meio-dia estava pronta para voltar para casa e começar o tradicional almoço de dia das mães. O cardápio era quase igual. O pavê não teria nozes, e ao invés de folhas preferia um guizado.
Antes de sair, a patroa ainda pediu que acendesse uma vela na Igreja de Nossa Senhora da Paz. Era uma promessa que Dona Tereza não queria quebrar, mas indisposta como estava, teve que recorrer à amiga.
Ceci não gostava de passar nesta Igreja. Foi lá que morreu o mais ilustre vizinho, morador do Conjunto Habitacional dos Músicos: Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha. Mas, não seria de todo ruim, aproveitaria para rezar pelo seu filho caçula, Nelsinho, menino fraco, que não conseguia largar o vício.
Pegou o metrô de volta.
Adorava o nome do seu bairro. Sabia um pouquinho da história também. Engenho era a fazenda de cana-de-açúcar onde Dona Carlota Joaquina, a rainha, ia descansar. Pensava divertida.
Passou numa feirinha, comprou um par de chinelos para dona Bira, solteirona, velha amiga da família, e que com certeza, coitadinha, não ganharia nada no dia das mães!
No sacolão, comprou os legumes para o guizado, encontrou Dirce, sua manicura, e confirmou a hora.
Sábado por volta das cinco era a hora do descanso de Ceci. Dirce ia para lá e entre esmaltes, lixas e alicates as duas bebiam uma Malzebier bem geladinha, falavam da vida, delas e da dos outros, é claro.
Não teve coragem de recusar o pedido da amiga. Dirce queria fazer bonito, causar inveja às cunhadas, e levar uns rissoles para a festa do dia das mães na casa da sogra.
Terminou de fritar os rissoles lá pelas 10 e despediu-se de Dirce.
Tomou banho, trocou a fralda do netinho e já deitada ouviu as reclamações do marido.
Há muito que ele não dava nem bom dia, nem boa noite. Falava de suas dores da hora que acordava, até a hora de dormir. Não se calava nem dormindo, roncava até quase sufocar a noite toda.
Só faltavam as flores, pensou.
Acordou na hora de sempre, pensou em não comprar as flores, estava cansada demais e afinal as flores eram para ela mesma.
O telefone tocou. Cíntia, a filha mais velha, deixaria as crianças lá. O marido tinha saído para beber, ainda não voltara e ela iría atrás daquele cachorro.
Nelsinho ainda não tinha chegado. O marido acordou e agora tinha mais motivos para reclamar: As crianças de Cíntia corriam aos berros pela casa enquanto a babá (a televisão) se esgoelava em vão.
Serviu o café para o marido, que desta vez reclamou estar fraco.
Pegou o dinheiro das flores.
Quando saía, entraram Cíntia com o marido cachorro e Nelsinho, bêbado como um gambá. Dona Bira, a solteirona, não viria, estava constipada.
Fechou o portão.
Foi encontrada dias depois, sentada numa pracinha, embaixo de um pé de abiu, agarrada a um vaso de orquídeas. A tudo o que lhe perguntavam, respondia com o olhar perdido:
-Sim!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ei você aí, me dá um dinheiro aí ,me dá um dinheiro aí.


Aqui pertinho de casa, tem um mendigo que nunca pediu dinheiro. Mendigo ou morador de rua? Existe uma definição? Não sei de nada, como já disse, mas desconfio muito. O mendigo, digo o morador de rua, mora aqui na rua desde que eu vim morar aqui, há 15 anos. Ou ele já morava antes? Eu o chamo, de Tatuagem.

Alto, magro, sempre de bermudas, nunca o vi usando camisa. Anda quase sempre descalço. Uma vez ou outra usa uma daquelas democráticas sandálias que não deveriam soltar as tiras. Tatuagem está sempre com um sorriso no rosto que, não pude deixar de notar, ao longo destes anos mudou muito. Quase não há mais dentes em seu sorriso.

Tatuagem me ajuda. Sempre que eu tive que atravessar minhas filhas, quando pequeninas, ele verificava se os carros tinham parado mesmo no sinal. Se eu preciso passar num lugar aqui pertinho, e que eu sei que é perigoso, pergunto. - Tatuagem posso ir? - tá liberado, pode ir. Responde, e nos segue com o olhar para ver se nem um pivete vai bulir comigo ou com as meninas.

Tatuagem nunca me pediu nada. Nosso relacionamento é de vizinhos: - Oi tudo bem?
- tchau. - Nossa que chuva a de ontem, hein? Vejo que ele gosta de conversar. Está sempre trocando um dedo de prosa com o guardador de carros e com o segurança aqui da rua. Tatuagem não assiste televisão. Sorte a dele. Assim não precisa assistir a total mendicância que virou a televisão brasileira.

Já pela manhã bem cedinho, acrditando talvez que deus ajuda a quem cedo madruga começam os pastores a pedir. Ultimamente ando obcecada por um pastor americano que pede nada menos que NOVECENTOS reais. O pastor é um velhinho de cabelos escandalosamente pintados de preto, com um rosto de biscoito "Trakinas". Será que alguém deposita os, repito, NOVECENTOS reais na conta do pastor traquinas?
Seguindo os pastores, seus pedidos e seus sermões, começam os jornais locais com pedidos de dinheiro e tudo o mais para as tragédias locais.
Os programas femininos tem um jeitinho todo especial de pedir o tutu, entre uma receita e outra, lá vai o número da conta.
A tarde a programação infantil pede descaradamente para que a criança enlouqueça seus pais pedindo para que les comprem " de um tudo" sem limites.
A noite os jornais "nacionais" pedem dinheiro para tragédias mundiais. Tsunamis, tufões e furacões.
Nos fins de semana, que a tv brasileira descansa e nos brinda com uma programação lamentável, vêm os shows, para pedidos de dinheiro. Pestalozzi, criança esperança, teleton etc e tal e infinito e além.
Isto sem contar com os pedidos do governo, que para poder manter a pobreza (seu eleitorado) aumenta os impostos, cria novos impostos e não repasssa nada.

Não reli, não corrigi, aceito sugestões.

sábado, 10 de outubro de 2009

Gentilezas e delicadezas


Gosto muito dos meus poucos leitores. Less is really more. São sempre delicados nos comentários, mesmo que não tenham tempo, não entendam ou não concordem. Meus leitores, são antes de tudo pessoas educadas e sensíveis. Porque estou dizendo isto?
Porque andei refletindo, a partir de duas, aparentemente pequenas, coisas que me aconteceram esta semana.

Precisei fazer um jejum de 12 horas para um exame de perfil lipídico. Já prevendo o resultado e todas as proibições que se sucederiam, assim que os médicos vissem o que minha barriga já deixa transparecer há tempos, fui me despedir da vida boa. De agora em diante vou ter que levar a vida saudável.

Tem gente que não gosta de despedidas, eu gosto. Mas tem que ser em grande estilo. E por isso resolvi terminar meu jejum com um nada mais, nada menos que um croissant. Era uma quinta-feira de manhãzinha, eu não tinha pressa para nada e fui ao café que eu gosto aqui mesmo em botafogo.

Quando entrei no café, saía uma conhecida minha. No local que é bem pequeno, não havia freguês. Qual carioca come croissant no café da manhã? Os que comem, o fazem escondido, se bem que a barriga acaba delatando os inocentes.

A atendente do café juntava umas mesas para o que parecia ser uma comemoração; a minha conhecida retornou com umas amigas e de costas para mim disse à atendente que separasse as mesas que ela não se sentaria ali. Foi sentar-se com mais três amigas do outro lado, deixando patente que não queria que eu estivesse por perto. Eu tomei meu suco de laranjas, comi meu croissant com queijo minas, querendo desaparecer. Achei uma indelicadeza, e até mesmo um pouco assintosa a atitude da conhecida. Tenho certeza que se ela fosse um pouquinho mais bem educada, não deixaria que eu me sentisse tão mal por estar ali.

No dia anterior tinha sido o aniversário de uma sobrinha do marido. Ele tinha me pedido que o esperasse chegar do trabalho para darmos os parabéns. O marido chegou tarde e eu já estava com tanto sono que esqueci de ligar. Nesta mesma quinta-feira, não querendo que o aniversário da sobrinha passasse em branco e sabendo da preocupação do tio em demonstrar afeto a sobrinha, mesmo que anualmente, resolvi ligar. Disse as coisas de praxe,com é de praxe, dizer bom dia, ou boa noite, ou obrigada.

Disse a menina ( que devia estar completando umas quarenta primaveras) que o tio estava no trabalho e que eu não sei se chegaria a tempo de falar com ela. Ao que ela respondeu: - Não precisa, já está falado.

Tenho certeza que nos dois casos as pessoas não tiveram intenção nenhuma de serem indelicadas, mas o dr. Freud não está tão certo assim.Também tenho certeza que se elas tivessem um pouquinho mais de educação teriam sido bem mais gentis.

Sábado de muita chuva, na cidade sede dos jogos olímpicos de 2016. Isto se sobrevivermos até lá. Aqui no Rio não é preciso nenhum tsunami para que a água provoque verdadeiras tragédias na vida do carioca.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Rapidinhas




Ando meio sem tempo, então para não abandonar totalmente meu blog, vou publicar aqui as crônicas que escrevo para a oficina nova que eu estou fazendo.
Fazem amis ou menos 30 dias que eu mandei a empregada embora. Achei que minha vida ia virar um caos, com duas meninas adolescentes e indolentes e um marido, que estando em casa, me chama 25 hours a day. Mas estava enganada. Tenho conseguido dar conta do recado. E sou muito feliz por não ter que mandar ninguém fazer nada, e nem responder a recorrente e irritante perguntinha: Dona Márcia o que a sra vai querer que faça para o almoço. Sinceramente, prefiro fazer eu mesma o almoço do que dizer o que tem que ser feito. Se os países mais desenvolvido do planeta passam muito bem sem empregada doméstica acho muita arrogância de nós brasileiros não podermos nem arrumar a própria cama na qual nso deitamos. Depois escrevo mais sobre isso. segue minha crônica, o professor tinha andado escrever uma crônica com o tìtulo O que é crônica.
Depois conto como é o professor e como são os alunos deste novo curso.

Uma crônica?


“Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa”.

Riobaldo em Grande Sertão Veredas (Guimarães Rosa)

No século passado, lá pelo final dos exagerados, anos 80, prestei o vestibular. Desde então, nunca me esqueci do texto que servia como mote para a prova de redação. Era uma historinha, aparentemente um tanto singela, sobre um burro que estava morrendo de fome e de sede e colocaram na frente dele, um monte de feno e um balde com água. Incapaz de escolher, entre matar primeiro a fome ou a sede, o burro morreu.


Nesta época, não tinha a menor noção do que vinha a ser uma escolha com tamanha profundidade. Jovem demais achava que escolher era uma coisa bastante simples.. Medicina ou Direito, azul ou verde, Fla ou Flu (Flu), chocolate ou creme. O tempo me encarregou de fazer escolhas bem mais difíceis e complexas. E, atualmente, todas as vezes que me deparo com um problema de escolha, penso no falecido burrico.


Precisando escrever uma crônica, sobre o que afinal de contas é crônica, instantaneamente me veio à mente a recorrente imagem do quadrúpede, de orelhas enormes, defronte do feno e da água. O que escrever? Quais palavras usar? Quantos parágrafos? Quantos toques? Colocar ou não uma epígrafe? Não querendo morrer de fome, ou de sede, na verdade não querendo nem morrer, resolvi recorrer ao pai dos burros. Imaginei que partindo de uma definição precisa sobre o que é crônica seria fácil. A preguiça, no entanto, me fez cortar caminho. Recorri então ao “tio google” mesmo, e teclei: Cê, érre, ó, ene, i, cê, a


E, em menos de quinze segundos, estavam à minha inteira disposição 22.600.000 verbetes que continham a palavra crônica. Uni, duni, tê, fechei os olhos e cliquei aleatoriamente. Oba! era meu dia de sorte! O verbete que meu rato escolheu, graças à deus, não falava sobre nenhuma doença crônica ou qualquer outra coisa, desagradável, do gênero. Era um verbete da Wikipédia.


Já na primeira linha fiquei pasmo. Descobri que existem duas grafias para a palavra crônica: A européia com um acento agudo no ó e a brasileira com um simpático chapeuzinho no ô. Fiquei pasmo e revoltado. E a reforma ortográfica? E a unificação? O parágrafo seguinte ia ser todinho para falar mal e reclamar da reforma ortográfica, mas não vai dar. Preciso escolher uma definição, que sirva de mote para minha crônica e, se eu sair falando da reforma não vai sobrar espaço. Lá vem o burro de novo.


Estava redondamente enganado, minha escolha não ia ser tão fácil assim. Quanto mais eu me aprofundava no assunto, mais o leque de opções aumentava. Apesar de faltarem alguns tipos de crônica, o verbete fazia uma lista de mais ou menos uns 10 tipos e explicações e coisa e tal.

Indeciso, com preguiça e com a faca no pescoço não escolhi nem água nem feno, fiquei mesmo com a definição do Cony (um mestre no gênero): “Crônica pode ser qualquer coisa, só não pode ser chata!”



domingo, 4 de outubro de 2009

cronica

Comecei na quinta -feira, nova oficina da crônica (isto já esta se tornando crônico-não resiti ao infame trocadilho-mil perdões)

Hoje é domingo, pé de cachimbo etc e tal, não esta sol.

Detesto gente com car blasé, mas aceito explicações.

Outro dia fui fazer uma ultrassonografia do abdomem, pois sentia dores na barriga.
Quando adentrei aquela salinha, escurinha e geladinha, me lembrei de quão esquisitos são os profissionais que fazem este tipo de exame. Todos sem exceção tem um ar blasé.

A médica que me atendeu tinha o cabelo chapinha, masgava chicletes e tinha o indefectível ar blasé.
Repira fundo,solta,respira,solta,respira,solta cut and paste ,etc e tal. Não fazia nenhuma expressão além do ar blasé. Não olhou hora nenhuma a minha cara, não sorriu.

Doutora Pilar era o nome da esquisita.

No final do exame que a máquina fez, cai na besteira de perguntar se estava tudo bem. Ao que o clone de ser humano, ruminante respondeu: - Tem gordura no fígado.
E o que isto quer dizer? perguntei humildimente, ainda insistindo em ser simpática.
- Quer dizer o que foi dito: gordura no fígado.
Apesar de estar na posição desfaforável, deitada e com a barriga toda melecada, ousei perguntar mais uma vez.
-E isso é grave?
-Depende de uma série de coisas.
-Passou um papel na minha barriga e saiu ruminando.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Que Mico!!!

imagem do site biologias.com


Micos são pombos sem asas. Quem já não ouviu alguém falar que tem horror a pombos, que pombos são como ratos com asas? Sempre que defendo os pombinhos, ouço alguém dizer: Eles transmitem doenças. Ao que eu respondo prontamente (tenho essa mania de, aliás são duas: falar sem ser solicitada e dar respostas imediatas) repito por causa do parenteses aqui ao lado que ficou enorme. Os pombos transmitem doenças, resposta rápida: os seres humanos também, dependendo do humor exemplifico com uma doença mais ou menos assustadora. O único animal racional transmite entre outras coisas, digo doenças, gripe, catapora, sarampo, tuberculose, aids. Se os pombinhos transmitem doenças, perdoem os pobrezinhos pois eles não sabem o que fazem. Já os seres humanos...

Domingo de sol primaveril na cidade mais feliz do planeta; e também a mais bonita; e a mais mal tratada, fui caminhar na Urca. Este bucólico bairro da cidade maravilhosa, tem um quê de cidade do interior, só que com a imensa vantagem de estar à beira mar. As ruas são arborizadas. O comércio é pequeno, só com o suficiente para que o morador possa ter um certo conforto. Um lugar um tanto aprazível para se morar, sem espigões,com a exceção dos prédios cosntruídos para moradia dos militares. É na Urca que está um dos lugares que eu mais gosto de passear (e infelizmente cada vez mais pessoas gostam também). A pista Claudio Coutinho.

Antes chamada de o Caminho do Bem-te-vi, a pista tem 1.250 metros de extensão, e circunda os morros da Urca e Pão de Açúcar pelo lado externo, voltado para a saída da Baía da Guanabara. Além da vista, do barulhinho do mar estourando nas pedras, das borboletas, do verde, das bromélias, dos tiê-sangue e da pasmem: segurança (garantida pela proximidade com o exército e a marinha. Tem também muitos miquinhos.

E é justamente aí que eu queria chegar. Nos miquinhos. No primeiro parágrafo eu disse que micos como pombos sem asas. Sabemos que os pombos não são originários do Brasil (já li em algum lugar que foi com D. João VI que eles chegaram aqui). De tanto ter comida fácil,os pombinhos foram se amando se amando e quanto mais amor fazem menos os humanos gostam dos pobrezinhos que já não são considerados símbolos do amor e da paz e sim uma praga que deve ser exterminada, ou esterelizada.

Domingo lindo de sol primaveril enquanto fazia minha caminhada para relaxar no caminho do bem-te-vi pude encontrar verdadeiras pragas de seres humanos, que alimentavam os miquinhos com bananas e tiravam milhares de fotos. Vi até uma mulher que fez um close com a maquininha digital (outra praga bem na cara do miquinho. Com o prazer da gula satisfeito, os miquinhos não precisam se dedicar a procurar alimentos e podem se dedicar aos prazeres da carne e se multiplicarem. A gestação de uma mica leva apenas 150 dias e rende dois filhotes.

Gostaria de continuar amando os miquinhos e não querendo vê-los mortos, portanto, por favor resista: Não alimente os animais.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O dever de casa

Ontem, dia mundial sem carro, as ruas estavam repletas de veículos automotores. Confesso que do alto das minhas 44 primaveras ainda me surpreendi com a pouca adesão do carioca. Não custava nada. Era só deixar o carro em casa e ir de ônibus ou de metrô, ou andar um pouquinho a mais.
Tem coisas que parecem ser de uma facilidade, de uma simplicidade ululante, mas na verdade são de uma impossibilidade hedionda. Posso citar como exemplo, o meu umbigo, digo, a minha casa.
Minhas filhas não conseguem em hipótese alguma colocar os sapatos no armário. Chegam da escola tiram os tênis e deixam na sala. Tenho certeza que para qualquer ser humano comum o trabalho que elas tem em colocar o tênis na sala, é o mesmo que colocar no armário. Mas não tem jeito, os sapatos são movidos a grito.
O lixo nas ruas por exemplo: Não custa nada não jogar lixo na rua, mas no entanto as ruas estão uma verdadeira lixeira a céu aberto. E o pessoal que tem cachorro e se dá ao trabalho de recolher o coco, colocar num saquinho e depois jogar o saquinho com o coco no chão. Você aí que não mora no Brasil não acredita? mas é a pura verdade.
Mas eu sou a última romântica e acredito piamente que podemos melhorar um pouquinho a cada dia.
E se você não fez a sua parte ontem, não tem problema, faça hoje. Com certeza qualquer ação vai contribuir para um mundo melhor para você mesmo, mesmo que você ache que não é merecedor de um mundo melhor.
Ou você é do tipo que acha que os políticos não fazem nada.
O video a seguir eu peguei na Maria Augusta, que pegou no youtube.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Fazendo a minha parte

Este mês estou participando de uma gincana entre blogs- veja o banner ai ao lado. A Primeira tarefa é:
TAREFAS DA 1º BlogGincana (15 de Setembro, de 2009 )
As TAREFAS poderão ser cumpridas ao longo dos próximos 28 dias, até 13 de Outubro. Os inscritos que não se sentirem aptos a cumpri-las, ou por qualquer outra questão não queiram, nada contra. Seus blogs são muito importante para formarem o universo dos blogs, sobre os quais, os participantes ativos, irão atender às TAREFAS. E como essa é a primeira rodada, as TAREFAS são simples e poucas. Iremos aumentando o número e dificuldade ao longo dos próximos meses. Dito isso, vamos a elas:


1º Colar o banner, em seu post, para identificar sua participação.
2º Colar no sidebar o banner com o link do seu post/tarefa.
3ºCumprir as seguintes tarefas:

1º TAREFA - Escolha, entre os inscritos, os dois ou três blogs que mais te agradaram, e diga:

a) O por que?

b) Se já os conhecia, ou se esta visitando-os pela primeira vez?

c) Escolha uma imagem postada nesses blogs, que os represente, copie e poste junto com suas respostas.
Lembrem, sempre, de fornecer o nome e link dos blogs citados.

O último Blog.



O autor eu já conhecia: Cimitan Eduardo P.L. Se muito não me engando ela já esteve em pampa-linda virtual. Eduardo é um bloggeiro bastante experiente. Mas o que me fez parar para ler, foi a palavra crônica na primeira frase da postagem do dia 17 de setembro. Eu que me sinto cronista, li não só aquela postagem que falava sobre um livro que ele estava lendo do ruy castro. Eduardo é despretencioso e eu gosto disto.

Côté cour Côté jardin
A autora chama-se Maria Augusta, mora em Nice, gosta de arte e fala com simplicidade do que vê dos lugares que frrequenta dos seus gostos. Gostei muito. A foto é de uma exposiçao de emille gallé que Maria Augusta visitou. Ela tem o bom gosto de falar um pouco sobre art nouveau e sobre o trabalho de gallé.
E finalmente destaco também o blog da ju gioli, artista plástica
De cara já gostei da foto da postagem ( acho que blog é isto, imagem e texto, pensamento, imagem e letras. è a foto de uma bilioteca, onde não há letras. O texto era sobre dostoievski (ju acha impredível o livro : notas do subterraneo) Tem também as fostos de uma viagem que ela fez a portugal, com cores e texturas interessantíssimas.

São muitos blogs interessantes. Vale a pena. Beijos da paçoca

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O afilhado do Tio Tonico



Fim de tarde. Fim de inverno. Fim de agosto. De repente os postes ficam repletos de cupins alados. O carioca já sabe: vem chegando o verão. Na verdade ainda falta pouco mais de uma quinzena para o início da primavera, mas o calor, que ainda não é o senegalês, já nos convida para a praia, para os aplausos ao por-do-sol no arpoador, para tentar dar um fim na barriga caminhando no calçadão regado a muita água de coco.
Fui fazer umas comprinhas, para o jantar, enquanto esperava minha filha sair do inglês. Peguei o que precisava e o que não precisava e entrei na fila para pagar. Na minha frente só tinha um rapaz, muito alto, muito magro. Não tenho certeza se o rapaz era o único que estava à minha frente na fila, me distraí com os cupins do primeiro parágrafo.
Primeiro notei o carrinho do tal rapaz. Fico reparando no conteúdo do carrinho de compras e imaginando como é aquela pessoa. Tem uns tipos de carrinhos que já são previamente classificados por mim: Carrinho de pessoa normal (arroz feijão farinha,batata, frutas legumes, sabonete,água sanitária...). Carrinho de mãe (acrescentando ao anterior biscoitos, balas bombons e iogurte). Carrinho de mulher solteira. Carrinho de solteira em busca de marido (alface, água e cremes). Carrinho de casal novinho (todo arrumadinho, por departamentos e com alguns artigos para casa, paninhos novos uma pá de lixo moderna) E tem uns carrinhos do tipo óvini. Não dá para imaginar o que o consumidor vai fazer com o que está adquirindo. O carrinho do meu antecessor era esquisito. Tinha umas cinco caixas de limonada pronta.
Falei em limonada pronta e vou ter que fazer um parágrafo só para quem compra limonada pronta. Todo mundo sabe como fazer: - me dêem um limão e eu faço uma limonada! Simples assim. Você pode espremer o limão com a mão mesmo, acrescentar água e no máximo usar uma colher para colocar o açúcar e mexer. Quando terminar é só passar uma “aguinha” no copo e na colher. Já a limonada pronta requer embalagem do tipo longa vida, caminhão de entrega, rótulo, propaganda, enfim um montão de coisas que não combinam, em nada, com o rapagão alto, de cabelos desgrenhados (ele tinha um quê de ecoboy) camiseta curtinha e calça jeans deixando aparecer um pedaço da cueca.
Larguei de lado os irritantes cupins e passei a prestar atenção ao ecoboy de um metro e noventa, amante de embalagens longa vida. O rapaz falava bem alto ao telefone enquanto tirava as desnecessárias embalagens longa vida do carrinho, que com certeza o encheriam de orgulho quando fosse separar o lixo doméstico e as ,repito, desnecessárias embalagens longa vida ficariam no quesito ecologicamente correto: reciclagem.
- Na verdade tia, nós só colocamos a lista nessas duas lojas. O nome de uma loja era em inglês e o da outra em francês. –Na verdade tia (ele repetiu, não fui eu desta vez) você pode comprar pelo computador é só acessar o site clicar no produto, dizer o número do cartão de crédito ou pagar pelo boleto bancário.
-Não tia, nesta loja, ainda não colocamos a lista.
Notei que o supermercado todo acompanhava a conversa. As pessoas se entreolhavam e faziam expressões das mais variadas.
-Na verdade tia (rapaz insistente este), o presente, em si, não chega pra gente. A loja nós dá um crédito e nós compramos o que queremos. A fila se entreolhou decepcionada.
Sinto que estou ficando velha muito menos pela obviedade do aspecto físico, das insistentes e malditas cãs, das gordurinhas, do que quando me deparo com alguma modernidade inaceitável. Então o rapaz faz a lista, dá o endereço eletrônico para a tia que compra o regalo e ele pega o dinheiro e compra o que quer! Também me sinto uma anciã quando reclamo de quem compra suco em embalagens longa vida.
-Mas não se sinta obrigada, tia, a comprar nestas lojas, é só uma sugestão. Até porque o tio Tonico é meu padrinho.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Desculpe-me a demora




Ia eu contando como foi a tarde de sexta-feira. Tive que parar, fui para o sítio, voltei e só pude postar novamente hoje- como se pode perceber!
Na verdade, não sei se conisgo terminar o relato com aquele climinha de final de semana. Mas vamos lá:
Julinha, meninha, birrenta e mimada, de vestidinho roxo com capuz,tipinho mignon, inquieta que estava, começou a reclamar de frio. Na verdade algo incomodava Julinha além do friozinho gostoso do ar condicionado. A menina estava de pernas de fora, e magrinha como era, não tinha aquela camadinha de gordura, que nós, os gordinhos, odiamos, mas que nos aquece.
Julinha só parou de reclamar, fazer birra, dar ordens à sua avó, que tinha paciência de jó, quando sua torta de queijo chegou e sem morangos!
Ah! tá bom, vou confessar ela reclamou, mas só mais duas vezes: a massa da quiche estava dura( e estava mesmo) e ela tinha sede, mas que a água viesse sem bolinhas, que o tipinho mignon detestava.
Fiquei pensando porque a menina reclamava tanto e parecia um tanto séria e insatisfeita? Cheguei a conclusão, mas não sei se estou certa, que Julinha provocava a paciência da vovozinha em busca de limites. Alguém naquela família afinal, teria que ter coragem de dizer-lhe um não redondo. Julinha estava cercada de covardes que ao menor beicinho já morriam de medo e cediam. A menina ficava um tanto insegura, quem conseguiria protegê-la, se não a protegiam nem dela mesma?
De repente, compreendi todos os meus coleguinhas de infância mimados que eu tanto detestava. Coitadinhos eram mimados e não tinham quem os protegesse, eram inseguros.
Termino como comecei: Sempre detestei crianças mimadas. Não detesto mais. Márcia Lopes

sábado, 29 de agosto de 2009

Uma tarde com Júlia

Sempre detestei crianças mimadas. Agora não detesto mais!
Ontem, depois de muito tempo com problemas domésticos, tive uma tarde só para mim. E eu gosto muito de mim. Generosa que sou, depois de fazer uma visita de rotina à dermatologista, fui lanchar num café que eu adoro. O Lugar é bem pequeno no máximo dez mesinhas mínimas de dois lugares. O cardápio não tem grandes pretensões, mas é por isso mesmo que me atrai. Tudo é feito lá mesmo e na hora. As garçonetes estão sempre impecáveis e com um sorriso de quem gosta do que faz e é bem tratado pelos patrões.
Costumo ir a este café com uma amiga, acho que já contei isto aqui em outra postagem, e sempre pedimos um soufflle de queijo de cabra com saladinha verde. Mas, ontem, eu, como diria marinaw, estava muito boazinha comigo e fui sozinha.
Timida, que insisto em ser, entrei e sentei logo na mesinha perto da porta, assim não correria o risco de esbarrar em nada e ser notada e ficar vermelha. Antes mesmo de fazer o pedido, me pediram para trocar de lugar e foi aí que eu sentei ao lado dela.
Um tipinho mignon que não deve ter completado mais do que cinco primaveras. Usava um vestidinho roxo com capuz e estava sentada de fronte a sua vovozinha. Vovozinha que não tinha nem cabelos brancos, nem era gorducha e nem arrastava os pés. Vovozinha para lobo-mau nenhum botar defeito.
Fiz logo meu pedido: Sanduíche de presunto parma, brie e lascas finíssimas de maçã verde na baguete. Minha vizinha de mesa, não sabia o que queria. A vovozinha com uma paciência de avó, oferecia de tudo e a menina não se decidia. Tive que afastar a minha mesa umas duas vezes para Julinha (descobri o nome do tipinho mignon de capuz roxo) ir ao balcão para ver o que a apetecia. Finalmente a vovó fez o pedido e Julinha com medo de ficar sem nada também pediu. Na verdade as duas pediram a mesma coisa: A vovó quiz doce e a Julinha salgada: uma cheesecake e um quiche.
Me distrai um pouquinho, observando a delicadeza e a simplicidade da mesinha. O portaguardanapos é um regardozinho e tem também um mínimo vazinho com umas flores amarelas(naturais).
O pedido da vovó, já estava pronto e chegou antes. A julinha não gostou nada e ficou indignada de ter um morango em cima da torta. Reclamou, bateu pé, fez birra e até chorou. A vovó, com uma paciência de avó, nem se abalou. Disse mais de cem vezes que aquele não era o pedido dela, que o dela não tinha morango e viria depois.
Falar em depois - 1000 desculpas, mas não vou poder terminar a minha historinha agora. Preciso sair.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Eu também



Publico aqui texto da Danuza Leão.


"Quem tem medo da doutora Dilma?
Ela personifica, para mim, aquele pai autoritário de quem os filhos morrem de medo, aquela diretora
VOU CONFESSAR:

morro de medo de Dilma Rousseff. Não tenho muitos medos na vida, além dos clássicos: de barata, rato, cobra. Desses bichos tenho mais medo do que de um leão, um tigre ou um urso, mas de gente não costumo ter medo. Tomara que nunca me aconteça, mas se um dia for assaltada, acho que vai dar para levar um lero com os assaltantes (espero); não me apavora andar de noite sozinha na rua, não tenho medo algum das chamadas "autoridades", só um pouquinho da polícia, mas não muito.Mas de Dilma não tenho medo; tenho pavor. Antes de ser candidata, nunca se viu a ministra dar um só sorriso, em nenhuma circunstância.Depois que começou a correr o Brasil com o presidente, apesar do seu grave problema de saúde, Dilma não para de rir, como se a vida tivesse se tornado um paraíso. Mas essa simpatia tardia não convenceu. Ela é dura mesmo.Dilma personifica, para mim, aquele pai autoritário de quem os filhos morrem de medo, aquela diretora de escola que, quando se era chamada em seu gabinete, se ia quase fazendo pipi nas calças, de tanto medo. Não existe em Dilma um só traço de meiguice, doçura, ternura.Ela tem filhos, deve ter gasto todo o seu estoque com eles, e não sobrou nem um pingo para o resto da humanidade. Não estou dizendo que ela seja uma pessoa má, pois não a conheço; mas quando ela levanta a sobrancelha, aponta o dedo e fala, com aquela voz de general da ditadura no quartel, é assustador. E acho muito corajosa a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, que está enfrentando a ministra afirmando que as duas tiveram o famoso encontro. Uma diz que sim, a outra diz que não, e não vamos esperar que os atuais funcionários do Palácio do Planalto contrariem o que seus superiores disserem que eles devem dizer. Sempre poderá surgir do nada um motorista ou um caseiro, mas não queria estar na pele da suave Lina Vieira. A voz, o olhar e o dedo de Dilma, e a segurança com que ela vocifera suas verdades, são quase tão apavorantes quanto a voz e o olhar de Collor, quando ele é possuído.Quando se está dizendo a verdade, ministra, não é preciso gritar; nem gritar nem apontar o dedo para ninguém. Isso só faz quem não está com a razão, é elementar.Lembro de quando Regina Duarte foi para a televisão dizer que tinha medo de Lula; Regina foi criticada, sofreu com o PT encarnando em cima dela -e quando o PT resolve encarnar, sai de baixo. Não lembro exatamente de que Regina disse que tinha medo -nem se explicitou-, mas de uma maneira geral era medo de um possível governo Lula. Demorei um pouco para entender o quanto Regina tinha razão. Hoje estamos numa situação pior, e da qual vai ser difícil sair, pois o PT ocupou toda a máquina, como as tropas de um país que invade outro. Com Dilma seria igual ou pior, mas Deus é grande.Minha única esperança, atualmente, é a entrada de Marina Silva na disputa eleitoral, para bagunçar a candidatura dos petistas. Eles não falaram em 20 anos? Então ainda faltam 13, ninguém merece.

Seja bem-vinda, Marina. Tem muito petista arrependido para votar em você e impedir que a mestra em doutorado, Dilma Rousseff, passe para o segundo turno." danuza.leao@uol.com.br

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Solidão


50 mulheres denunciaram um médico de estrelas (se é que isto existe) por estupro.
Muitas alegaram que na época do ocorrido não contaram nada a seus maridos por medo.
Medo de que? do marido, de não poderem mais ter o nenê, não poderem mais ter o nene com o médico das estrelas?
Enquanto tentava entender me lembrei que o brasileiro é muito solidário.

Quem viaja pelas estradas brasileiras sabe do que estou falando. Não é raro passar por alguma estrada de mão dupla e ver alguém na contramão piscando desesperadamente o farol para avisar que tem algum perigo pela frente. As vezes é um acidente, outras animais na pista e tem gente que avisa também quando tem alguma polícia na frente, para que o infrator possa ter tempo de corrigir o erro, por um instante que seja.
50 mulheres não piscaram o farol para avisar que havia algum perígo pela frente. Não comentaram nem com seus maridos, que pagavam o que podiam e o que não podiam em busca da felicidade de ter um filho.
Mulheres que não pensaram em denunciar um ato ilícito. E porque não pensaram?
Coloco-me no lugar destas mulheres (se é que isto é possível, é fácil falar, todos sabemos).
A primeira vista vejo um problema mais antigo:
Não falaram, porque sempre que existe uma denúncia de abuso sexual existe o medo de dizerem que foi a mulher quem seduziu!
Não falaram para pouparem os maridos. Pouparem os maridos do que? Porque não se poupam?
Não falaram por medo de não poder realizar o sonho de ter um filho.
Não falaram por que por muitos motivos talvez não tivessem autoestima.
Autoestima palavrinha um tanto vulgarizada. A publicidade nos promete o tempo todo melhorar a nossa autoestima.
Vale de tudo:
Emagrecer, pintar os cabelos, alisar os cabelos, acabar com a celulite, rejuvenescer, melhorar o desempenho sexual, comprar um brinco novo, ter um aparelho de celular de último tipo, branquear os dentes etcetera e etcetera.
Voltando ao fato do brasileiro ser muito solidário:
Essas mulheres não imaginaram que poderiam estar evitando que o fulano (não consigo arranjar um adjetivo para este ser) fizesse com outras mulheres o que fez com elas?
Comecei dizendo que o problema do brasileiro é falta de ética, mas agora vejo que primeiro precisamos resolver o problema de autoestima do brasileiro.
Sei que esta um pouco confuso meu texto, mas é que reflito enquanto escrevo e procuro ser justa e mais do que isso procuro entender o que aconteceu, sem julgamentos, tentando entender a dor e os impedimentos de mulheres fragilizadas, que o tempo todo tem que ser fortes. Mulheres de uma solidão absoluta, que não tem em seus companheiros alguém com quem contar, que se entregam a médicos que são monstros.
Que são induzidas a achar que existe médico de estrelas, que se não for aquele não pode ser mais ninguém (isto ó já é um tanto violento e ultajante- acreditar que só um determinado médico ou produto, poderá nos salvar a vida).
O grande problema da brasileira é a solidão. É não poder ser frágil nem sob efeito de anestesia. É estar atenta o tempo todo. Atenta e só.
Márcia Lopes

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Fecha a conta e passa a régua


Sempre fui uma pessoa bagunceira! Invejo descaradamente minhas amigas que tem seu armário arrumado, sabem onde estão as chaves do carro, acordam de manhã e o chinelo está ao lado da cama no lugar certinho, podendo ser calçado sem esforço: é só sentar-se de lado e encaixar os pés. Simples assim.

Na adolescência, minha mãe (que não é nada organizada, mas se acha) quando estava de mau-humor dizia que só poderíamos sair, se o quarto estivesse em ordem. Acontecia que a bagunça era tão grande e ela só avisava em cima da hora que nem se quiséssemos daríamos conta. Eu e minha irmã (começo a achar que existe um gen específico para falta de organização) jogávamos tudo dentro do armário, sem dó nem piedade e pronto: nós fingíamos que arrumávamos e mamãe fingia que acreditava.

Na verdade eu tinha preguiça até de jogar aquela bagunça toda dentro do armário e ficava imaginando maneira mais fácil de deixar o quarto organizado. Não raro me ocorria a idéia de botar fogo em tudo e depois varrer as cinzas. Era só um desejo inconsequente, coisas de adolescente...

Foi assistindo aos parlapatões (palavra de senador) que me lembrei desta vontade de botar fogo em tudo e varrer as cinzas.

Os escândalos são tão grandes e tantos que parece até a moda da minissaia ou do biquini, no começo todo o mundo fica escandalizado e de tanto ver e falar, nos acostumamos e aí diminuem os biquinis, as mini-saias e a crítica.

Creio que o maior escândalo do caso Sarney não são as acusações a ele atribuídas (infelizmente nos acostumamos) mas sim os seus defensores, encabeçados pelo presidente da república antes rival vitalício do destemperado ex presidente e também, defensor.O que será que eles vão ganhar com isso para se exporem desta forma?Sempre achei que o prejuízo moral é irreparável já o material...